Estive mais para o Che do que para o Lênin
Com Vladimir Carvalho em janeiro de 2009 em Brasília
Lênin
Vladimir Carvalho achou que eu estava parecido com Lênin. De fato, nesta foto em que eu apareço ao lado dele, no dia 14 de janeiro agora, antes de chegarmos ao Cinememória, dá para perceber porque ele falou assim. Nunca pensei que eu estivesse parecido com o Lênin, mas, depois do que ele me disse (porque fazia muito tempo que não nos víamos pessoalmente), cheguei à conclusão de que ele tinha razão. Para mim, isto é simbólico. A foto sofreu uma intervenção artística de minha parte e eu vou imprimi-la para colocá-la em uma moldura que irei pregar na parede de minha casa (mas é claro que não sou leninista, embora tenha um enorme respeito por Lênin enquanto teórico e enquanto grande líder político que foi; sou apenas um professor de história brasileiro).
Quando saí de Brasília para ir ao encontro da Revolução, em 1979, com 19 anos, minha aparência física se parecia com a figura do Che Guevara, mas eu levei muitos anos para perceber claramente isto. Por dois motivos, porque eu não enxergava (estava em meu ponto cego de meu inconsciente aquilo que todos viam) e porque eu abominava a esquerda festiva que tinha reduzido a figura e a personalidade do Che a um mero fetiche (aliás, muito bem aproveitado pela indústria capitalista de massas), sem se importar em viver as idéias que ele encarnou de modo prático e coerente. Agora, ao me aproximar dos 50 anos de idade, segundo Vladimir, "estou parecendo com o Lênin". Claro que achei muito engraçado esta comparação que ele fez, mas, vindo dele, nestas alturas de sua vida e neste começo de século, isto tem um significado afetivo muito mais do que fisionômico ou político.
Lênin
Na era digital, tudo é possível, até o Di Caprio se parece com Lenin
Esta foto de Walter Carvalho (irmão de Vladimir) me faz lembrar, por outro lado, em linhas gerais é claro, do Leon Trotsky. Evidentemente que não estou falando em algum tipo de afinidade política entre a pessoa do Walter e sua obra face ao Trotsky ou ao trotsquismo. Estou me referindo, bem humoradamente, à semelhança fisionômica entre o rosto do Walter e o de Trotsky (um brasileiro-paraibano e o outro judeu-russo). Os óculos ajudam, mas não é só por eles, é também uma questão de afinidades fisionômicas de nossa "raça" nordestina paraibana com a raça judaica (afinal, temos sim sangue judaico em nossas veias; através dos cristãos novos que vieram para o Brasil muito cedo na nossa história colonial, fugindo à sanha da Inquisição portuguesa).
Walter Carvalho
Trotsky
Trotsky
Como levei meu lap top, mostrei a Vladimir as fotos que tenho do MIS desde que íamos fazer visita com o grupo de formação Os Estudos do Meio (captei algumas tomadas de quando ainda estava acontecendo a restauração). Ele ficou muito impressionado com a qualidade do acervo permanente do MIS e com a beleza do Palácio dos Azulejos. Posso testemunhar o quanto ele ficou admirado com a seriedade deste museu e isto, de alguma forma, deve ter dado a ele alguma dimensão maior do que ele sonha que um dia venha acontecer com a Fundação Cinememória que, por enquanto, é mantida com os parcos recursos pessoais dele mas que ele sonha que um dia se torne uma Cinemateca em Brasília. Bem ou mal que seja, com todas as carências reais que sabemos que ainda há, o MIS-Campinas, um dos poucos do país, tem um local nobre de instalação, um acervo permanente em exposição e bem cuidado, uma equipe técnica competente e é mantido pelo poder público municipal de Campinas.
Che Guevara
Alberto Nasiasene 1979
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