A Fundação Cinememória como museu contemporâneo da imagem e do som especializado em cinema: uma cine
Recorte de jornal pertencente ao arquivo da Fundação Cinememória, de Vladimir Carvalho, em Brasília. Foto: Alberto Nasiasene
O projeto de Fundação Cinememória que Vladimir Carvalho criou, em 1994, é sua contribuição pessoal para a preservação da memória do cinema em Brasília. A prioridade é a guarda e conservação da obra documentária que ele mesmo realizou nestes mais de cinquenta anos de atividade cinematográfica, desde João Pessoa, Paraíba, até agora, em Brasília, mas também a guarda e conservação dos filmes feitos em Brasília e sobre Brasília. Este é o foco principal da Fundação Cinememória em Brasília. Entretanto, para além deste foco local e necessário, dentro da história do cinema brasileiro, há também abertura para o cinema do centro-oeste e para o cinema brasileiro e mundial de modo geral (há vários cartazes de cinema brasileiro e universal em exposição na Cinememória). Além disso, a Cinememória não é somente um projeto de cinemateca que se restringe ao cinema em si mesmo. Ou seja, não pretende ser somente uma instituição com um repertório cinematográfico em película (ou em tecnologia digital), porque também contempla a guarda e preservação de fotografias e documentos escritos que usam o papel como suporte. Claro que estes documentos escritos estão relacionados direta ou indiretamente ao cinema, mas fazem parte de um universo que extrapola o mundo da película propriamente dito e entra no mundo museológico mais amplo (mesmo que seu foco ainda permaneça na história do cinema). Há também uma interessante exposição permanente de objetos relativos à história do mundo cinematogrário, como estes que estão nas fotos que fiz agora em janeiro de 2010, inseridas aqui embaixo. Um dos documentos importantes na fundação da Cinememória em 1994 foi esta manifestação de apoio de importantes personagens na história do cinema brasileiro (tais como Rudá de Andrade, Cosme Alves Netto, Thomaz Farkas e Sílvio Back, entre tantos outros, como vemos na lista abaixo assinada no documento que Vladimir Carvalho segura).
Manifestação de apoio à iniciativa de fundação da Cinememória de pessoas muito importantes para a história do cinema brasileiro. Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Manifestação de apoio à iniciativa de fundação da Cinememória de pessoas muito importantes para a história do cinema brasileiro. Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Como defendemos nas outras postagens anteriores, é importante para a democratização do saber e do fazer cinematográfico, que os arquivos documentais da Fundação Cinememória, quaisquer que sejam os suportes e a natureza deles, sejam digitalizados o quanto antes. Por várias razões defendemos esta ideia, entre elas por causa da necessidade de preservação deste conteúdo (que precisa ser preservado e difundido) e deste patrimônio cultural importantíssimo para a história do cinema documentário brasileiro (porque a obra de Vladimir Carvalho constitui uma das vertentes do movimento do Cinema Novo). Felizmente estamos às portas de um século digital e nos momentos antecedentes às transformações que farão o Brasil ser a quinta economia do mundo, como dizem inúmeros especialistas, dentro destes próximos trinta anos. Em meados deste século, até antes, se estas previsões se confirmarem (já que falam em 2030, ou seja, daqui a 20 anos, quando eu estarei com setenta anos de idade e já estarei aposentado), teremos uma situação econômica invejável talvez sequer imaginada pela geração do Cinema Novo. Isto quer dizer que, desde que saibamos lutar pela preservação de nosso patrimônio histórico em todas as suas dimensões (desde a dimensão física, até à dimensão mais imaterial que chamamos de luta política, ou tradições populares, por exemplo), teremos muito mais recursos disponíveis para a estruturação de instituições museológicas e para o desenvolvimento de projetos que contemplem o fortalecimento de nossos vínculos com nossa riquíssima herança histórica. Neste panorama futuro que está se desenhando neste início de século, cremos que a Petrobrás terá o seu papel de apoio à cultura brasileira (e ao cinema e aos inúmeros projetos de instituições museológicas e à preservação do patrimônio histórico como vem fazendo) ainda mais reforçado, com os enormes recursos que irão impulsionar a economia brasileira e que estão ora guardados na camada de petróleo pré-sal do litoral do centro sul brasileiro.
Ofício escrito por Vladimir Carvalho, falando do objetivo da Fundação Cinememória. Foto: Alberto Nasiasene
Ofício escrito por Vladimir Carvalho, falando do objetivo da Fundação Cinememória. Foto: Alberto Nasiasene
De um modo ou de outro, direta ou indiretamente, esperamos que parte destes imensos recursos públicos federais, estaduais e municipais que já existem e que se tornarão ainda maiores nestas próximas décadas, sejam canalizados para financiar a estruturação adequada da Fundação Cinememória em Brasília (quanto ao arcabouço infraestrutural e quanto à mão de obra mínima para a manutenção e para o atendimento ao público). Mas não é só do setor público que esperamos apoio para o desenvolvimento adequado ao projeto da Fundação Cinememória, porque o setor privado pode ter uma participação maior. Não por acaso, nas postagens anteriores, demonstrei, através de documentos visuais, como o projeto do Museu da Imagem e do Som de Campinas foi desenvolvido, ao longo das décadas, até chegar ao atual momento, em 2010. Não estou afirmando que o MIS Campinas já tenha toda a estrutura e infraestrutura adequada (tanto em recursos materiais, quanto em recursos humanos), porque falta muito ainda para atingir integralmente as metas do projeto original (até hoje não há as projetadas salas de cinema "Henrique Oliveira Jr" e "Glauber Rocha"). Entretanto, analisando a trajetória histórica do museu, vejo que importantes conquistas foram alcançadas (especialmente a partir da administração municipal de 2001-2004, porque foi neste período que o MIS foi instalado neste belíssimo casarão em área tão estratégica da cidade). Se vocês observarem bem certos detalhes, verão que a Petrobrás está lá, com seu patrocínio e financiamento. Além disso, vemos a iniciativa privada também investindo no projeto de restauro e implantação do MIS. Por esta e por outras razões foi tão importante a Semana Vladimir Carvalho promovida pelo MIS Campinas, em novembro de 2009. Foi uma primeira aproximação do MIS Campinas com a Fundação Cinememória num diálogo que espero seja permanente, de ambas as partes.
Um dos painéis existentes na exposição permanente da Cinememória em Brasília. Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Um dos objetos relativos ao mundo do cinema em película na exposição permanente da Cinememória em Brasília. Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Um dos objetos relativos ao mundo do cinema em película na exposição permanente da Cinememória em Brasília. Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Um dos Cartazes que estão expostos na exposição permanente da Cinememória em Brasília.
Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Um dos Cartazes que estão expostos na exposição permanente da Cinememória em Brasília.
Brasília, 6 de janeiro de 2010. Foto: Alberto Nasiasene
Alberto Nasiasene
27 de janeiro de 2010
Rota Mogiana de Alberto Nasiasene é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Based on a work at www.rotamogiana.com.