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Estou muito feliz pela vitória do Rock Brasília como melhor documentário do Festival de Paulínia 201


Foto: Alberto Nasiasene


Com o coração na mão, neste novo mundo digital em que vivemos, vi, ao vivo, pela internet, o anúncio, pelo júri do Festival de Paulínia, de Rock Brasília: a era de ouro, como melhor filme documentário do Festival. Não tenho experiência de festivais de cinema, como Vladimir tem, é claro, portanto, fiquei sim com o coração na mão (temendo passar mal do coração, porque sou cardíaco), na expectativa de ouvir o resultado da premiação e descobrir que o filme não recebeu nenhuma premiação. Disse a Vladimir, como espectador que sou, interessado em pesquisar a história do cinema com maior profundidade sempre mais e mais, como historiador que também sou, que não sabia qual seria o resultado, é claro (porque não tenho bola de cristal nem sou futurólogo), mas que estava torcendo, com todo o coração, pela vitória do filme Rock Brasília (por razões afetivas, mas também por considerações estéticas objetivas, porque sei muito bem separar meu amor por Vladimir, o pai que sonhei ter, do valor estético de sua obra e não confundo estas duas realidades sem nenhum discernimento analítico, muito menos sem bom senso e um mínimo de realismo), mas que a parada competitiva do festival neste ano estava muito difícil, por causa da presença de veteranos do cinema, como Lúcia Murat (que respeito muito) e novos realizadores de talento, ao lado de Vladimir, competindo de igual para igual na categoria documentário (e com chances reais de vencer). Por isto mesmo é que fiquei muito nervoso (mas não consegui me desprender da internet para ver, ao vivo, o resultado, de modo que, ao ouvir o resultado, com o coração apertado como estava, não resisti e pulei de alegria, por Vladimir e equipe).

Foto: Alberto Nasiasene

Foto: Alberto Nasiasene

Neste blog, tenho procurado não só promover a obra de Vladimir, refletindo sobre ela dentro da história do cinema brasileiro e dentro da história maior do país, mas também dar apoio a esta iniciativa que Paulínia vem realizando já há algum tempo com o cinema brasileiro . Era incompreensível, para mim, que o estado de São Paulo, sendo o mais rico da federação e tendo um potencial de público tão amplo, tão rico e tão complexo, não tivesse um grande festival de cinema que pudesse não só premiar novos filmes brasileiros, mas incentivar o desenvolvimento da sétima arte em solo brasileiro, por meio de patrocínio, de apoio logístico (com a infraestrutura de estúdios etc.). Claro que se os homens públicos da cidade vizinha a Campinas não tivessem a iniciativa, este festival não sairia, mas, no fundo, já havia apontado para o papel estratégico da Petrobras que tem uma presença vigorosa em Paulínia e que vem sendo uma das grandes fomentadoras do cinema brasileiro, especialmente depois da extinção da Embrafilme.

Foto: Alberto Nasiasene


São Paulo não pode ficar à margem do circuito de financiamento e produção de filmes no Brasil (com presença tímida e marginal como tem sido desde o fim da Vera Cruz) e precisa sim estar à altura de sua importância sócio-econômica, na área do cinema. Como já afirmei anteriormente, não acredito no tal "eixo São Paulo-Rio de Janeiro" por mil razões, mas também porque estou voltado para o futuro rico e complexo que o Brasil terá como um todo (como sabem, odeio bairrismo e regionalismo provinciano e isto é minha herança maior brasiliense). Não por acaso, simbolicamente, os dois grandes vencedores do festival de Paulínia deste ano foram filmes que não vêm do tal eixo São Paulo-Rio de Janeiro. Ou seja, Rock Brasília, de Vladimir Carvalho (um Rossellini do Sertão ou um Vertov das caatingas, como dizia Glauber) foi produzido em Brasília mesmo (que está a caminho de ser a terceira maior cidade brasileira, com uma rica produção cultural) e Febre do Rato, filme pernambucano de um dos maiores cineastas da nova geração de Recife, Cláudio Assis (um Almodóvar, ou um Fellini brasileiro, na antiga tradição contestadora de um cinema novo e cinema marginal).

Foto: Alberto Nasiasene


Foto: Alberto Nasiasene

Foto: Alberto Nasiasene

Foto: Alberto Nasiasene


Alberto Nasiasene

15 de julho de 2011 Rota Mogiana de Alberto Nasiasene é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Based on a work at www.rotamogiana.com.

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