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A superestrutura midiática do país, querendo ou não, está passando por transformações que vêm de bai


Recentemente, em um dos sites que acompanho diariamente, houve um estranhamento de muitos internautas quanto às mudanças organizacionais internas ocorridas dentro do império Globo. Entrei na discussão argumentando que é preciso não levar esta influência da Globo tão ao pé da letra (as aparências podem estar indicando o contrário, que ela tem perdido poder e está preocupada com isto). A sociedade vai mudando, querendo ou não querendo a Globo, afinal, estamos no século XXI (independente ou não do Lula, do PT e dos blogs independentes; a história vai avançando, cada vez mais, rumo ao novo século; que já está demonstrando ser sim muito diferente do século passado; do mesmo modo que o século XX não foi igual ao século XIX) e tanto a TV aberta quanto as novelonas vão ficando para trás, aos poucos (imaginem então o telejornalismo pesadão e manipulatório presente em um JN, que mais desinforma ideologicamente, contra os interesses de enormes parcelas da população...).



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Sou educador de história de adolescentes de periferia social, em Campinas, SP, e vejo como a Globo já não tem a penetração que tinha décadas antes nestas esferas sociais, quando, a partir dos anos 1970, estas camadas passaram a comprar televisão (eles estão mais ligados, hoje, no YouTube, celulares e até outros canais abertos do que se pensa na Globo e nunca assistem ao JN, por exemplo). Além disso, com a ascensão social de massas de indivíduos, inclusive nas chamadas favelas, à faixa de consumo classe C, a possibilidade de fazer assinatura de canais pagos tem aumentado muito (e o mercado é muito amplo ainda para crescimento nesta área); até em uma favela. Entretanto, é bom não pensar que, por exemplo, a SkyHDTV, da qual sou assinante, por falta de opção, controla o que quero ver em termos de jornalismo (o recurso de gravação da programação só reforçou algo que já existia desde que assinei, pela primeira vez, uma TV paga, agora só vejo o que quero e na hora que quero). Ou seja, nunca vejo a GloboNews (embora, como assinante, tenha direito a ela), muito menos os programas da Míriam Leitão (que vive demonstrando um suposto respeito aos assinantes, confundindo-os com patrocinantes). Não tenho sequer tempo para assistir a tudo aquilo, muito menos interesse. Não me sinto representado no conteúdo daquele canal de jornalismo 24 h (cada vez mais tenho ojeriza ao padrão global de televisão, a começar pela própria estética deles e aversão total ao jornalismo tendencioso de direita deles). Imaginem que o ponto de vista de uma jornalista monetarista (neoliberal) como a Leitão dialogaria respeitosamente, em mão dupla, com o meu ponto de vista cidadão (afinal devia, porque sou eu quem paga, todos os meses, uma conta bem salgada para ela defender pontos de vistas contrários aos meus interesses).

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Prefiro me informar cotidianamente, por exemplo, nestes blogs independentes e colaboro, voluntariamente sim, com a divulgação dos conteúdos que são produzidos neles (quando aperto, por exemplo, a função, pelo Facebook, curtir) porque é mais perto de meu ponto de vista e de meus interesses cidadãos. Isto quer dizer que não assisto a nenhum dos telejornais presentes nem na TV paga, porque são todos muito tendenciosos e porque prefiro a internet como fonte mais confiável de informação. Todas as manhãs, a primeira coisa que faço ao acordar, é ligar o computador, depois vou lá na cozinha pegar meu café e venho tomá-lo em frente ao computador lendo as notícias nos inúmeros sites mantidos por jornalistas independentes que considero mais confiáveis (alguns deles estão indicados aqui no meu site). Só assisto o jornalismo produzido diretamente pela TV Câmara e pela TV Senado, porque gosto de acompanhar toda a movimentação do parlamento, sem a mediação de nenhuma Globo que distorce tudo em favor dos interesses dela (quem chega a qualquer conclusão sobre o que acontece por lá, sou eu mesmo, sem nenhuma influência ridícula do que pensa, por exemplo, um Merval Pereira, que nem vejo; porque tenho mais o que fazer). Mesmo morando longe, é como se eu, todos os dias, frequentasse pessoalmente o Congresso Nacional (este é o único jornalismo televisivo que eu assisto e repeito, mas não é necessário pagar por ele, porque, cada vez mais, ele estará disponível, com a digitalização de toda a produção e transmissão televisiva aberta no Brasil).


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Além disso, produzo meu próprio conteúdo, que deixo em aberto aqui neste site, para qualquer um ter acesso a ele (não tenho o costume de reproduzir o que outros escrevem, copiando de outros sites, mas de escrever meus próprios textos analíticos, sob o ponto de vista de um educador de história e historiador que também sou). Sou historiador, não só porque escrevo livros sobre história, mas porque meu ponto de vista historiográfico está firmemente ancorado no momento histórico e no lugar social e geográfico em que vivo e o site surgiu apenas como uma das maneiras que tenho de canalizar meu impulso criativo e minha enorme necessidade de escrever (tanto que, mesmo com a catarata, que será operada, finalmente, na semana que vem, continuei escrevendo, mesmo vendo as letras, cada vez mais, bem clarinhas e apagadas - se a cirurgia não estivesse marcada para a próxima semana, permaneceria escrevendo até não poder ver mais nada, como estava previsto, até que uma enorme nuvem branca cobrisse toda minha visão, impedindo-me de ver algo mais do que o claro e o escuro).

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Se eu ficasse cego, neste novo mundo digital e de inclusão cidadã, sei que encontraria um jeito de continuar escrevendo e participando da sociedade, embora saiba que seria muito difícil para mim e que iria enfrentar um agravamento de um processo depressivo. Entretanto, tentaria me adaptar rapidamente à situação de cegueira, aprendendo a andar com a bengalinha e a ler e escrever em braile; porque não quero ficar dependente de ninguém e sei que os cegos podem ser cidadãos quase normais, só com o detalhe de que não têm a visão como os demais cidadãos.


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Portanto, ao ouvir, bem, e ler, com dificuldade, concordo com muitos que dizem que a Globo precisa desesperadamente de financiamento e que a relação custo/benefício da venda dos espaços publicitários que ela oferece já começa a ser questionada (por causa da queda constante de seus índices de audiência, ano após ano, mas os preços publicitários continuam os mais altos do mercado). Sem nenhuma sombra de dúvida, é fácil perceber que, para manter todo aquele império televisivo de pé, está ficando cada vez mais caro e difícil (se correr o bicho da falta de dinheiro pega, se ficar, perde cada vez mais a audiência; mas deste dilema fica cada vez mais difícil sair). Além disso, tudo pode desmoronar como uma grande estrela se transforma em supernova, em um segundo (ou seja, basta um ligeiro desequilíbrio financeiro, que permaneça por algum tempo, mesmo que seja curto, que tudo vem abaixo, como aconteceu com outras emissoras de TV, a Tupi e Manchete, por exemplo, e outras grandes empresas; na verdade, em um século, como historiador posso muito bem afirmar isto, a riqueza costuma mudar de mãos e é muito raro que um conglomerado fique nas mãos de uma só família por mais de cem anos e a Globo já está chegando nos seus cinquenta, se contarmos com o jornalão, os cem estão aí).

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O mundo e a sociedade brasileira estão mudando muito mais rapidamente do que a capacidade de adaptação de um mamute como a Globo. Além disso, não adianta lutar contra os fatos e ficar confiando excessivamente nas velhinhas de Taubaté que ainda acreditam no JN, na Veja e assistem fielmente os novelões, elas estão morrendo uma a uma e os jovens já não se interessam por aquelas porcarias, estão em outra.

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Isto quer dizer que as mudanças que vemos, tanto na programação geral da emissora carioca, quanto na estrutura organizacional, são apenas um sintoma que temos que acompanhar mais atentamente (o próprio medíocre do diretor de jornalismo, Kamel, pode ter caído para cima, por exemplo, nas recentes alterações acontecidas no organograma da empresa, ou seja, promoveram para removê-lo; ele perdeu as apostas contra o governo Lula e contra a Dilma, porque estava e está completamente despreparado para entender a dinâmica da realidade brasileira; afinal, é até covardia compará-lo com algum intelectual sério destes muitos que o Brasil tem; é ridículo para mim lembrar, até hoje, da defesa da posição contra as cotas raciais, no STF, proferida pelo ex-senador Demóstenes Torres, idolatrado pela Globo).

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Como não compreendem a sociedade (nunca a compreenderam, do Rio de Janeiro, porque sempre foram arrogantes bairristas carioqueiros, mas tinham a cobertura política e financeira da ditadura militar; agora não, depois de vinte e sete anos de democracia contínua, não conseguem mais controlar uma suposta opinião pública que ri deles no bordão repetidos à exaustão, quando as equipes jornalísticas globais saem às ruas: "o povo não é bobo, fora a rede Globo!"), ficaram a ver navios no porto do Rio (ou talvez, como na canção dos anos 1960, "o tempo passou na janela, é só a Globo, A Folha, O Estadão e a Veja não viram..."). Como os demos-tucanos terceirizaram o papel de pensar a realidade brasileira para esta mídia carcomida (como os jovens revolucionários de 1930 diziam das oligarquias pré-1930), é claro que a canção da Carolina, que foi envelhecendo sem perceber, foi composta sob medida para eles também.


Alberto Nasiasene


Jaguariúna, 19 de outubro de 2012

PS. Agora acrescentam novos bordões a cada semana, tais como, "A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura!" e "Globo, fascista! Sensacionalista!." Em 04 de julho de 2013

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