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O papel estratégico de um museu da imagem e do som para a cultura documentária


Um Museu da Imagem e do Som deve ser também não só uma referência para a cultura audiovisual erudita, para a cultura de massas das Televisões abertas, para a fotografia comercial e autoral, mas também para a cultura popular (tanto como documentação antropológica, quanto como problematização documentária realizada por documentaristas propriamente ditos). Assim como o MIS Campinas possui um acervo fotográfico do início do século XX, importante para a pesquisa histórica, penso que é muito importante a organização deste tipo de acervo da cultura erudita e popular da região de Campinas no início do século XXI (estou colocando à disposição do MIS o meu próprio acervo pessoal de imagens autorais próprias, como já disse ao Orestes Toledo, historiador do MIS - já tenho quase 200 mil fotos digitais e digitalizadas que posso compartilhar com o MIS e este meu acervo irá crescer exponencialmente nos próximos anos, porque continuo atuando e talvez ainda tenha, quem sabe, mais trinta anos de vida útil - o espaço de armazenamento de todo este acervo pode muito bem ser o de um HD externo; o que quer dizer que o Museu não precisa investir em grandes estruturas e infraestruturas para sua guarda, já que tudo isto cabem em uma simples gaveta pequena).

Além disso, penso também que é necessário ajudar a constituir e ampliar o acervo documental sobre a questão ambiental. Este projeto no qual já estou trabalhando e já é uma parceria com o MIS tenta ajudar e somar ao que já está sendo feito (não temos a ilusão ou a arrogância de que estamos reinventando a roda, mas sabemos que poderemos construir um acervo específico sobre o tema que reflita nosso próprio ponto de vista enquanto pesquisadores sociais que somos, em diálogo com os biólogos propriamente ditos).

Outra área que gostaria de garimpar é a dos artistas plásticos e músicos que moram na região de Campinas, especialmente os desconhecidos do grande público. Como referência para este trabalho tenho o trabalho da produtora Documenta, do Cacá Vicalvi, também veiculado pela SescTV e também o trabalho desempenhado num programa como O Som do Vinil, do Canal Brasil.

Concordo que um museu tem, ao mesmo tempo, tanto a missão de guardar/arquivar/preservando seu acervo específico, quanto a de expor este acervo de forma didática para o público externo. Faz parte destas duas dimensões pensar continuamente sobre as questões metodológicas relativas à guarda, conservação e restauro e às técnicas de arquivamento do acervo (com tudo o que isto implica quanto às problemáticas de conservação e à infraestrutura técnica necessária para armazenamento, conservação e restauração) e sobre as estratégias de exposição do acervo para o público (também com tudo o que isto implica, desde o equipamento, recursos financeiros e humanos e materiais necessários para expor o acervo, até a construção de estratégicas pedagógicas de elaboração tanto de conhecimento sobre e através do acervo que pode ser socializado, quanto de criação do próprio público do museu, porque o museu pode e deve criar um público para si, a começar da infância, em suas parcerias com o sistema escolar).

Claro que, ao re-afirmar estes princípios museológicos básicos acima, estou pensando em como posso colaborar tanto com a ampliação do acervo imagético do MIS quanto em como posso ajudar o MIS a criar um determinado público qualificado tanto para a apreciação de filmes documentários, quanto para um debate crítico estético sobre eles. Mais ainda, sonho com o momento em que o MIS irá centralizar, como instância privilegiada, a exibição, em primeira mão, de toda uma riquíssima produção documentária alternativa ao mercado que é produzida tanto por cineastas mais jovens quanto por cineastas já experientes (mas desconhecidos de um público maior).

Isto quer dizer que acredito não só ser possível a existência de um cineclube no MIS, que quero ajudar a criar e consolidar, mas a realização regular de mostras sobre documentários que tenham não só repercussão local, mas nacional e internacional. Este é o papel estratégico que penso que o MIS deveria ter, o de ser um referencial imagético (por causa do seu acervo) e o de fomentador do desenvolvimento de uma cultura documentária (inclusive com editais de patrocínio financeiro para projetos selecionados). Claro que é o Estado (com suas políticas públicas de fomento à cultura), no caso, a Prefeitura, através da Secretaria de Cultura, que tem o papel estratégico de fomentar as novas produções que não terão a atenção e o incentivo financeiro do mercado por si mesmas (o mercado só quer investir naquilo que dá lucro imediato e tem resistência em investir em novos nomes e novas tendências de arte e de cinema documentário, evidentemente; aliás, o mercado nunca dá muito espaço mesmo para o cinema documentário de cineastas do porte de um Vladimir Carvalho ou Eduardo Coutinho; tanto porque é dominado pela indústria americana de Hollywood, quanto porque prefere sempre apostar em retorno certo em filmes de entretenimento e não em filmes que são questionadores e problematizadores de assuntos que nem sempre estão na moda). Alberto Nasiasene Jaguariúna, 4 de março de 2012 Fotos que fiz sobre os projetos em que estou participando:

A Floresta Atlântica, no Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia, em São Luiz do Paraitinga SP. Aparecem nas fotos o Carlos, o Heitor, o Juliano e o guia do parque. Foto: Alberto Nasiasene. 6 de novembro de 2011

A agricultura florestal em Jundiaí. Uma nova maneira de praticar agricultura que respeita os princípios básicos da ecologia florestal, tais como o da sucessão natural das espécies; além de não utilizar agrotóxicos, por exemplo. É uma maneira eficaz de conviver com a floresta (como os índios faziam com suas roças nas capoeiras) e uma agricultura que foge ao padrão aristotélico linear de plantar. Ricardo Testa com a enxada. Foto: Alberto Nasiasene


Alberto Nasiasene 26 de março de 2012 Rota Mogiana de Alberto Nasiasene é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Based on a work at www.rotamogiana.com.

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