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Meia volta, vou ver


"É por isto que o Brasil não vai para frente!" Mas pergunto, para frente de quê? Da marca histórica que o colocou no primeiro lugar a manter a escravidão no século XIX quando em todos os países a escravidão já tinha sido abolida? Ou na frente do país com o maior número de crianças em trabalho escravo em pleno século XX, bem depois do fim oficial da escravidão?

De volta para o futuro, ou melhor, de volta para os tempos áureos do Santo Ofício, é um processo que começou a ser desencadeado desde, pelo menos, 2005. É simbólico, o ex deputado Roberto Jefferson, do PTB fake da Ivete Vargas (legenda que foi dada pela ditadura militar para tirá-la das mãos do Brizola, que criou, como resposta, o PDT), foi pego com a mão na botija da corrupção nos Correios, mas logo aproveitou o marketing para tucano nenhum botar defeito, saindo como paladino da moralidade pública (o poeta Gregório de Mattos Guerra ficaria muito feliz se fosse vivo, ao ver que seus personagens históricos continuam bem vivos e atuantes neste Brasil do século XXI).

Depois deste episódio, veremos o lamentável auto de fé conduzido por um suposto Batman às avessas (porque o verdadeiro Batman era um milionário branco protestante anglo saxônico justiceiro), apresentado, em capa de revista fascista, como menino pobre, filho de lavadeira negra, que venceu na vida (graças, é claro, à indicação do torneiro mecânico de nove dedos que o fez entrar na mais alta corte de justiça brasileira, porque, de outro modo, um negro não entraria ali nem que a vaca tossisse). Só faltaram as fogueiras em praça pública, mas não a fogueira das vaidades; porque estas ardem até hoje tanto no tal tribunal, quanto em outros quinhões provincianos mais tacanhos como corte de Curitiba.

Em 2014, vimos a versão tupiniquim da Onda, filme alternativo alemão sobre o neo nazismo da escola partidária (que no Brasil assumiu o nome de escola "sem partido"). Ou seja, a onda que havia tomado carona nas manifestações juvenis por causa de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, no ano anterior, 2013, chegou de modo marketológico bem organizado, com toda a parafernália altamente lucrativa (regada a polpudas "contribuições de campanha" de grandes empresas e milionários estrangeiros) das campanhas publicitárias-políticas vendendo o produto eleitoral da hora: em primeiro lugar, Marina Silva, produto vestido de verde da moda, mas que não emplacou, depois, o azul Aécio (o "impoluto", protegido pela oligarquia midiática como paladino da moralidade da vez, com helicóptero com pasta e tudo, recebendo suas malas de dinheiro vivo, tão ao gosto da elite brasileira, mesmo em consultórios médicos); travestido de verde e amarelo do uniforme da seleção de futebol brasileira de uma copa do mundo que não queriam no Brasil (não precisa ser freudiano para entender destas contradições surrealistas no Brasil, basta acompanhar o noticiário da oligarquia midiática que vê o mundo de cabeça para baixo).

Em 2015, começa no Brasil, com décadas de atraso e sem nenhuma atualização, por causa de mentes já esclerosadas, a campanha que já foi vista no Chile de Allende, a desestabilização de um governo de centro esquerda, inclusive usando-se greves de caminhoneiros patronais, para que a direita mais tacanha, mais corrupta, mais bronca e colonizada tomasse o poder de modo mais cínico e manipulador possível através do fatídico dia de 16 de abril de 2016, conduzida por um notório corrupto evangélico, Eduardo Cunha PMDB (apoiado pelos corruptos do PSDB). Só que aqui começa a falhar o escript de quem não conhece e não estuda a história de modo profissional. Ela, "aquela mulher", como diziam, não renunciou (não tinha motivos para fazê-lo, afinal, não roubou e não deixou roubar), não foi pega em crime de mala com dinheiro algum (como agora, recentemente, o paladino da moralidade da vez, traidor como Pinochet que traiu Allende, foi pego, junto com o comparsa Aécio, perdoado pela fala do trono recentemente, o trono do Supremo Tribunal vitalício).

Triste fim de Policarpo Quaresma, diria sábio escritor negro carioca, um século atrás. A República monárquica não mudou tanto assim neste mais de século de existência. Afinal, somos herdeiros das fogueiras da perseguição religiosa-ideológica do Santo Ofício, que retrocede, de século em século, aos áureos tempos da Guerra de Reconquista (que é o que estamos vendo em ação desde, pelo menos 2013). A política da terra arrasada e da aniquilação total do inimigo "infiel" está em andamento, com ela surgindo um novo modo de escravidão desconhecido dos gregos e romanos, a escravidão moderna que foi exportada para a América luso hispânica e agora, desde ontem, neo escravidão pós-moderna que irá nos alçar a uma fase de sub empregos e trabalho precário que a China já está superando para, vejam só, concorrer com a China (mas concorrer com o quê? se a China só quer de nós soja?).


Este é o país que vai para frente. De quê?


Alberto Nasiasene


Jaguariúna, 12 de julho de 2017


Senadores que traíram o trabalhador brasileiro:


Aécio Neves (PSDB-MG) Airton Sandoval (PMDB-SP) Ana Amélia (PP-RS) Antonio Anastasia (PSDB-MG) Armando Monteiro (PTB-PE) Ataídes Oliveira (PSDB-TO) Benedito de Lira (PP-AL) Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) Cidinho Santos (PR-MT) Ciro Nogueira (PP-PI) Cristovam Buarque (PPS-DF) Dalirio Beber (PSDB-SC) Dário Berger (PMDB-SC) Davi Alcolumbre (DEM-AP) Edison Lobão (PMDB-MA) Eduardo Lopes (PRB-RJ) Elmano Férrer (PMDB-PI) Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) Flexa Ribeiro (PSDB-PA) Garibaldi Alves (PMDB-RN) Gladson Cameli (PP-AC) Ivo Cassol (PP-RO) Jader Barbalho (PMDB-PA) João Alberto Souza (PMDB-MA) José Agripino Maia (DEM-RN) José Maranhão (PMDB-PB) José Medeiros (PSD-MT) José Serra (PSDB-SP) Lasier Martins (PSD-RS) Magno Malta (PR-ES) Marta Suplicy (PMDB-SP) Omar Aziz (PSD-AM) Paulo Bauer (PSDB-SC) Pedro Chaves (PSC-MS) Raimundo Lira (PMDB-PB) Ricardo Ferraço (PSDB-ES) Roberto Muniz (PP-BA) Roberto Rocha (PSB-MA) Romero Jucá (PMDB-RR) Ronaldo Caiado (DEM-GO) Rose de Freitas (PMDB-ES) Sérgio Petecão (PSD-AC) Simone Tebet (PMDB-MS) Tasso Jereissati (PSDB-CE) Valdir Raupp (PMDB-RO) Vicentinho Alves (PR-TO) Waldemir Moka (PMDB-MS) Wellington Fagundes (PR-MT) Wilder Morais (PP-GO) Zeze Perrella (PMDB-MG)


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