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O movimento é mais importante do que a pessoa


Lula não é apenas um indivíduo, mas um movimento que há por trás dele. Pode eleger quem indicar e não por causa da indicação isoladamente, mas por causa do programa político que representa. Quanto mais o perseguirem, mais aumentarão seu cacife eleitoral (ainda mais em se tratando de hipócritas que usam de dois pesos e duas medidas para julgar).

O povo não é tão personalista assim como imaginam. É questão de princípios programáticos, mesmo que inconscientemente e sem a capacidade de verbalização de um intelectual que usa o palavrório de mil maneiras. Mandela, mesmo em cárcere incomunicável, tinha alta capacidade de influenciar a política na África do Sul (e ele foi julgado e preso por razões políticas, o que só aumentou seu cacife político, mesmo incomunicável na prisão minúscula).

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Não há como fugir da influência política de Lula que não é apenas uma influência individual, mas de um partido com história e muitos nomes na manga para ocupar a vaga em quem Lula irá apoiar (com ele ou sem ele na cabeça da chapa, a influência dele, mesmo prisioneiro, é inelutável).

A questão não é personalista, mas programática. Pouco importa qual seja o nome, o que é importante é uma coalizão progressista, com um programa não neo liberal de governo. O próprio Lula, enquanto pessoa, não quer dizer nada. Se ele tem o carisma que tem isto se deve mais ao programa realizado em seus oito anos de governo (não que não tenha cometido erros neste período, cometeu, por exemplo, ao indicar Barbosa só porque o frei Beto indicou pela cor da pele; sem ver a trajetória jurídica dele e de outros, que é mais importante do que apenas cor da pele e gênero).

O PT não é um partido caudilhista como foi o brizolismo (se morre o líder, fica como?). Sempre foi um diferencial face a outros partidos personalistas e engana-se quem pensa que o povo é tão personalista assim. Podem não entender do palavreado programático, mas, quando lembram-se do Lula não se lembram por causa dos belos olhos dele, mas pelas realizações de seu governo (que não foram, de modo algum, realizações pessoais e centralizadoras, mas um símbolo coletivo de ações programáticas, dentro de uma aliança contraditória como sempre será tudo aquilo que não está meramente no reino das ideias).

Figuras histórica como Lula se tornam simbólicas não por suas qualidades individuais e individualistas, mas porque representam uma causa nobre que vai muito além de suas personalidades. É isto que a direita não entende, com seus fantoches que querem ser idolatrados por seus histrionismos personalistas. Que vantagem Maria leva com um Bolsonaro ou um Dória, se o que Maria quer é emprego de qualidade, com direitos que lhe estão tirando agora, renda e oportunidades de vencer na vida que seus filhos precisam através de políticas públicas diversas.

Governar um país é mais do que gerenciar um condomínio de oligarcas e imagem pública marketológica. É dar um rumo estratégico e coerente, nas contradições da realidade, para o futuro. O que o golpe ofereceu, contra a vontade manifesta das urnas, foi o contrário do que foi oferecido a partir de 2003 até 2016: a desesperança, o salve-se quem puder, o desemprego, a entrega de riquezas nacionais para estrangeiros se beneficiarem, o recuro na educação pública e na saúde pública tudo o que D. Maria e Seu Zé precisam e valorizam mais do que programa jornalístico televisivo globais e colunas de jornalões impressos caros e decadentes.


Portanto, não depende só da pessoa Lula, mas de toda uma legião de cidadãos, em todas as áreas, coligados em torno de uma causa progressista comum. Mesmo sem Lula, Dilma, um poste em 2010, deu continuidade a este projeto e o eleitorado, mesmo depois de todo o desgaste da campanha fascista, em 2014, continuou dando apoio à continuidade deste projeto, não por causa de qualidades individuais de Dilma ou de Lula, mas porque era a causa que vinha ao encontro dos anseios de melhoria da vida da maior parte do eleitorado.


Alberto Nasiasene


Jaguariúna, 14 de julho de 2017


Aniversário da Revolução Francesa



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