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Vergonha para o Brasil termos um Congresso tão corrupto quanto este


Os deputados que votaram, ontem na Câmara dos Deputados, em Brasília, para proteger Temer do processo pelos crimes cometidos, comprovadamente, durante o exercício da presidência, impedindo que o STF o julgue por crime de responsabilidade como está escrito na Constituição de 1988, são não só coniventes e cúmplices, mas acobertadores da corrupção do Temer e dando-lhe proteção para que continue a praticar atos ilícitos no decorrer de um mandato que jé nasceu fraudado pelo golpe de 2016. A sociedade brasileira tem contas a ajustar com eles todos, democraticamente, nas urnas, ano que vem. Sabemos os nomes de todos eles e vamos cobrar todos eles pela criminosa proteção a um presidente traidor, golpista e corrupto como Temer; não os reelegendo e demonstrando claramente ao eleitorado brasileiro, de norte a sul e de leste a oeste, a ficha corrida das votações contrárias ao povo brasileiro que cada um deles praticou desde o golpe de 2016.

Os congressistas eleitos na eleição de 2014 foram eleitos para representarem os interesses do povo brasileiro de modo geral, especialmente o povo trabalhador que constitui a maioria esmagadora da população de nosso país. Não foram eleitos para defender os interesses do grande capital financeiros, em detrimento dos interesses da maioria do eleitorado de trabalhadores, muito menos para defenderem os interesses do grande capital imobiliário, industrial e comercial. Também não foram eleitos para defenderem os interesses exclusivos do agro negócio, muito menos de bancadas oligárquicas de igrejas evangélicas fundamentalistas super representadas face ao lastro social que representam. O dinheiro que rolou solto, para comprar esta eleição de 2014 no Congresso Nacional, elegeu um poder legislativo que não representa a sociedade de modo equilibrado e por isto mesmo houve este total descolamento do Parlamento da sociedade brasileira. O traidor vice presidente golpista e corrupto que está nos governando, à revelia da Constituição de 1988 (a cada passo que ele dá é a Constituição de 1988 que está sendo desmontada), governa como autista para uma pequena proporção de parlamentares (seus discursos são apenas para este restrito grupo dentro do Congresso Nacional, não para a sociedade brasileira que lhe rejeita em 95%). Triste sina esta que temos que enfrentar por mais um ano e meio e esta bancada cínica de corruptos e cúmplices de corruptos dizendo que falam em estabilidade e querem a recuperação econômica do país e criação de empregos (só enganam a si mesmos, porque sabemos que o que querem é tomar o botim do assalto que promoveram desde 16 de abril de 2016, apropriando-se do que não lhes pertence e retirando direitos básicos dos trabalhadores que foram conquistados por mais de meio século de lutas intensas; na verdade, por pelo menos cem anos de lutas, já que este ano é o ano em que se completam cem anos da primeira greve geral em prol de uma jornada de trabalho de oito horas e outros direitos que está retirando agora sem o mandato vitorioso das urnas).


Na história, nenhum ato que façamos evapora-se no ar. Todos eles ficam marcados indelevelmente em uma linha do tempo que pode ser entendida de mil maneiras que não se restringem apenas à linearidade de uma reta cartesiana. Entraram todos eles para a espiral dialética do tempo que avança para recuar e recua para avançar o tempo todo. Isto é, a votação nominal de cada um deles está para sempre gravada não só nos anais do Congresso Nacional, mas da história viva da memória social através das imagens, falas e discursos proferidos e reduzidos a sua forma escrita. Volta e meia cada item deste será usado no debate livre e democrático que ainda temos, apesar dos atos deles.

A história não é coisa para amadores e é bom tomar muito cuidado come ela, porque os aparentemente vitoriosos de um momento histórico, são, em seguida, os derrotados de forma humilhante. A arrogância e a ambição pura e simples pelo poder costuma trazer um desfecho trágico para quem a pratica. Nada na história é para sempre, nem nos tempos da bonança, nem nos tempos da desgraça. Não é algo cíclico, como imaginam mentes religiosas, mas faz parte da espiral dialética e contraditória da vida neste planeta e neste universo. Como diz o ditado popular chinês, "quando a lua está mais cheia, começa a minguar; quando está mais escura, começa a crescer". Ora, isto faz parte do movimento do universo em expansão em que nenhuma teoria consegue, totalmente, explicar tudo. Aliás, quando uma teoria superficial (como superficiais são todas as teorias, mesmo as mais sérias e fundamentadas) tenta posar de resposta para tudo, estamos diante de um sintoma claro de que estamos diante de um engodo. Na moderna ciência, há muito que se sabe que há um conceito que desmente velhas e surradas teorias generalizantes que não são confrontadas com a realidade concreta. Por exemplo, o conceito de entropia. Portanto, só em tese pode-se dizer que energia transforma-se em matéria e matéria em energia em igual medida, num universo em expansão como o nosso. Sempre fica faltando algo para fechar as equações, quaisquer que sejam e por mais precisas que possam ser.


Mesmo que estivéssemos sob uma ditadura ferrenha como foi a do Estado Novo, com o seu DIP e Deops, ou na ditadura militar período Médici, com o seu SNI e DOI-CODIs; ainda assim, haveria maneiras e maneiras de resistência, como a história brasileira destes períodos revelou. Pior ainda, se estivéssemos sob uma ocupação estrangeira, como enfrentou a França depois da derrota de seus exércitos, de modo traiçoeiro, em 1940, pelas forças nazistas; ainda assim, haveria uma forte e aguerrida resistência (maquis) contra as forças de ocupação e os colaboracionistas, todos, seriam, depois da derrota fragorosa da ocupação nazista na França cobrados de suas responsabilidades (e os criminosos contra os direitos humanos seriam julgados e condenados, como foram os que mandaram os judeus franceses para os campos de concentração).

Portanto, tudo só dá certo em intenções subjetivas (mesmo nelas há muitas contradições aparentes e inconscientes que Freud revelou porque a maior parte de nossa própria consciência está submersa e é bem contraditória com a lógica cartesiana e formal). Não por acaso, o deputado que supostamente tatuou o nome de seu macho malvado preferido, em seu braço musculoso, na hora da votação pela não permissão de se abrir um processo contra o presidente pego em flagrante em crime de responsabilidade, por meio do Supremo Tribunal Federal, como diz a Constituição, pedia às mulheres, via Whatsapp, imagens de bundas (Freud explicaria os caminhos inconscientes de tal malabarismo de alguém que tatua o nome de seu amor, jurando-lhe devoção eterna, mas, ao mesmo tempo busca imagens de bundas no momento em que os destinos de seu amor jurado são decididos; será que?...). Este é o principal erro de amadores e imaturos, pensar que seus desejos e suas compulsões podem ser inteirante satisfeitas. A história, ou, princípio da realidade, como diria Freud, mostra que há uma luta subterrânea entre Eros [Amor-carnal] e Tanatos [Morte], luta que pode nos levar a um desfecho trágico, como levou a Alemanha nazista que pensava que iria governar o mundo por mil anos, no mínimo. Num mundo como o nosso, em pleno século XXI, mesmo à distância, é possível flagrar imagens de um deputado, no plenário da Câmara dos Deputados, conversando e pedindo fotos de bundas.


A história tem um defeito original: não esquece nunca (para o bem e para o mal). É melhor então estar ao lado das forças que defendem o que é justo e honesto. Não precisa de definição, nem de relativismos pós modernos, para saber do que se trata, porque, como se diz, liberdade e violência são termos que todos entendem, independentemente da definição e das palavras. São fenômenos transculturais e trans cronológicos que continuam os mesmos, seja na Grécia Antiga (em suas guerras entre cidades Estados), seja no século XXI (desde o Afeganistão até a América do Sul).

Cedo ou tarde (é melhor que seja o mais cedo possível, pelo bem da humanidade que nos resta), as tiranias e vilanias todas são levadas a sentarem no banco dos réus. Talvez seja nosso super ego judaico-cristão que emerge das brumas de nosso inconsciente coletivo ocidental. Como diz um ditado popular muito difundido no Brasil, "aqui se fez, aqui se paga" (ou, "quem com ferro fere, com ferro será ferido/quem aqui fez mal, no mesmo mal será punido" - também conhecido em centros de umbanda, como "lei do retorno" - ou, na Índia, berço das religiões orientais, lei do karma). Mas Durkheimdiria que é a consciência coletiva da própria sociedade que faz tudo isto, de um modo que não está muito claro para o senso comum.


Mesmo entre militares inimigos, em tempos idos e pós modernos que sejam, há uma ética do guerreiro que, quando é quebrada, não é perdoada. Vem daí os muitos artigos da Convenção de Genebra e os direitos humanos em tempos de paz. Não há desculpas, explicações possíveis, diante da eliminação e perseguição de prisioneiros de guerra, desarmados. Por outro lado, não é permitido manter os prisioneiros inimigos em condições degradantes, sob tortura e em perigo de vida constante. Tudo isto foi feito sob a dominação nazista e não por acaso estes atos praticados por eles foram considerados crimes de guerra imprescritíveis (melhor não estar na pele de comandantes de campos de concentração nazistas depois da derrota inevitável da Alemanha).


O fascismo, na política, costuma levar países não só para a bancarrota econômica, mas para o caos e destruição como aconteceu na Itália e na Alemanha. Portanto, a história tem um largo espectro de documentos comprobatórios que revelam que este caminho político não é o que parece ser para os desavisados envenenados pelo ódio ideológico fanático. Sempre haverá aqueles que não só lutarão incessantemente contra a opressão fascista, mas que corajosamente irão documentar os crimes cometidos que serão julgados posteriormente (nem nos campos de extermínio foi possível queimar todos os arquivos e apagar os crimes cometidos).


Sempre haverá uma memória sobrevivente que estará lá para lembrar de todas as atrocidades cometidas pela sua simples presença. Portanto, engana-se quem pensa que a história abençoa a impunidade e que atos criminosos podem ser esquecidos. Não serão, nunca.


Alberto Nasiasene


Jaguariúna, 3 de agosto de 2017

PS. Carta aberta ao senador Cristóvam Buarque:

O que precisamos deste senador que nos traiu desde 2006 é que ele faça mea culpa e não que venha com este tipo de discurso patético. Ele pede, encarecidamente, a quem colocou no poder no lugar da Dilma, PT (partido ao qual já fez parte e sem o qual não estaria aí onde está hoje), que "o senhor [Temer] ajude o Brasil sobreviver também". Aqui está a confissão de culpa deste senhor senador. Ele pede, submisso, a quem colocou no poder, comprovadamente (e não em ilações e supositórios), que ajude o Brasil a se recuperar ou sobreviver. Mas não esquecemos que este senador foi aquele que condenou Dilma pelo "conjunto da obra" (a mesma presidenta que fez aprovar o Plano Nacional de Educação mais avançado da história brasileira, que elevou o Brasil a sexta economia do planeta, que fez aprovar a lei que tornava o petróleo o lastro do desenvolvimento sustentável, pela educação e industrialização, do Brasil; tudo aquilo que a baboseira discursiva deste traidor fala retoricamente neste senado). Ora, senhor senador, a sociedade brasileira está condenando o senhor pelo conjunto de sua obra de traição aos nossos interesses e ao seu próprio caráter (não por acaso o senhor será sempre recebido de forma hostil nas universidades públicas brasileiras, como foi em Minas Gerais).


Será que a sociedade brasileira o perdoará, não só por ter votado pelo golpe de 2016, mas também pelo fim da CLT para fortalecer este presidente ladrão (com malas de dinheiro pesadas e não em cuecas)?. O senhor, senador, foi um dos que nos levou para esta situação de desastre econômico em que estamos agora, condenando uma presidenta, comprovadamente honesta, sem crime de responsabilidade, inconstitucionalmente, para dar guarita a este presidente ao qual se dirige submisso, comprovadamente corrupto, com crime de responsabilidade cristalino e comprovado (sem fantasias como pedaladas fiscais, mas com malas de dinheiro sendo negociadas diretamente do Palácio do Jaburu).


Senador, a história lhe será implacável. Não se esqueça que, como professores de história e como intelectuais honestos que somos, não lhe perdoaremos nunca (a não ser que o senhor mude radicalmente sua trajetória política, seguindo no sentido inverso ao que foi seguido desde 2006). Mas, pelo andar da carruagem, não lhe sobrou muito tempo para demonstrar arrependimento político de ter nos traído. Ano que vem terá um encontro com seu eleitorado em Brasília. Portanto, por favor, nada de atitudes patéticas como aquela de chamar o manisfestante que estava lhe mostrando a insatisfação de todos nós que um dia lhe apoiamos, legitimamente, fazendo por nós o que sentimos vontade de fazer pessoalmente, de "corrupto". Logo o senhor, senador, que apoiou a subida ao poder de um governo corrupto como este? Quanto o senhor ganhou para votar com eles (em disfarces tais como emendas parlamentares, enquanto se cortam verbas da saúde e da educação)? Ou será rabo preso desde 2006 que o senhor tem com estes empresários e políticos corruptos mesmo? Mas o senhor deveria era ter o rabo preso com o seu eleitorado que o colocou aí nesta tribuna para nos representar e não para representar a sua consciência dissimulada de economista que trabalhou logo onde, no Banco Mundial, antes de aderir ao PT (oportunistas como o senhor fizeram bem em ter abandonado o partido, porque nós, eleitores, tralhadores assalariados e honestos, duramente golpeados por seu mandato, tanto no golpe de 2016 quanto na quebra da CLT, não o abandonamos e não fomos dizimados como o senhor pensou; claro, alguém que nunca sofreu nada por militar na construção de um partido de trabalhadores socialista, ao qual o senhor aderiu só por conveniências acadêmicas da moda, quando lhe foi conveniente, que hoje renega, não poderia nunca saber o preço que se paga por se manter coerente na mesma trajetória - dizem que o senhor só enganava os militantes ingênuos, porque havia professores na UnB que sabiam que o senhor não era o que parecia).


Não foi o caso de quem lhe acompanha a distância e nem pode votar no DF. Ainda lhe sobrava um mínimo de crédito político, apesar de todas as suas vacilações e dubiedades. Agora não, já sabemos que nossa relação política jamais poderá voltar a ser a mesma, nem sequer respeitosa. O senhor nos traiu mesmo e o preço que se paga pela traição é muito alto.


Agora, senador, felizmente sua máscara de dissimulações caiu. Não dá mais para enganar ninguém, nem aos cínicos, porque também não vai mais ser possível pisar os campus universitários sem ter que enfrentar situações desagradáveis como aquela em Minas Gerais (terra de seu amado senador tucano, Aécio, PSDB, corrupto e principal fiador deste golpe desastroso para a história de nosso país, ao qual o senhor se associou). Deixe de ser patético, por favor (faça este favor ao Brasil). É deprimente tudo o que o senhor faz neste senado (se eu fosse, o senhor, renunciaria ao mandato devolvendo-o ao eleitorado que o elegeu).

Rota Mogiana de Alberto Nasiasene é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil.

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